Apesar de óbitos no Brasil e Espanha, mortes pela doença são raras

Os casos de varíola dos macacos tem aumentado nos últimos meses. Segundo o Ministério da Saúde, já foram confirmados 1.300 casos da doença no Brasil, a maioria deles em São Paulo e no Rio de Janeiro. Foi confirmada também a primeira morte no Brasil, em Minas Gerais, no final de julho, e duas na Espanha. Apesar da extensão da doença, a população não precisa entrar em alarde, garante o veterinário infectologista e professor da Faculdade Qualittas, Dr. Harald Brito.

“A varíola dos macacos, diferente da Covid-19, não se espalha facilmente entre as pessoas. Precisa ter uma proximidade para o contágio, diferente do SARS-CoV_2, conhecido como o novo coronavírus.  A transmissão se pega num contato próximo e direto com um animal infectado ou com outras pessoas infectadas”, diz Brito.

Apesar do nome, os roedores são o principal reservatório animal para os humanos e não tem participação dos macacos, enfatiza o veterinário.   

Apenas cinco pessoas morreram pela doença em todo o mundo durante o surto atual, de acordo com os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O ministério está tratando a doença como surto, o primeiro estágio da evolução de contágio, antes de epidemia e pandemia. O surto acontece quando há o aumento repentino do número de casos de uma doença em uma região específica, maior que o esperado pelas autoridades.

Para o infectologista, o que deve ser primordial é monitorar a doença nos locais onde está tendo mais casos e implementar medidas para conter a circulação do vírus para os grupos de risco da doença. “O interessante é fazer vacina em pontos determinados, onde está começando uma distribuição maior, mas não é questão de vacinação em massa, pois dá para controlar”, ressalta o especialista.

“A varíola dos macacos é uma doença mais branda, diferente da varíola humana, que tinha uma taxa de letalidade relativamente alta. Hoje, no mundo, são poucas mortes. Fora da África, teve uma no Brasil e duas na Espanha, diferente de uma Covid-19”, comenta.

Origem

A doença dos macacos foi descoberta em 1958, e recebeu este nome por ter sido vista pela primeira vez em primatas utilizados em pesquisa. O primeiro registro de caso da doença foi na década de 1970 em humanos, na África.

“Em 2003, teve um pequeno surto nos Estados Unidos, onde os reservatórios naturais, roedores importados da África como animais de estimação transmitiram a doença para cães, e esses para os tutores. No Brasil, as pessoas infectadas atualmente são majoritariamente aquelas que estiveram recentemente em viagem no exterior”, diz Harald.

Como é a transmissão da varíola dos macacos?

Segundo o infectologista, a doença é transmitida por contato com alguém infectado, através de gotículas respiratórias e secreções das feridas cutâneas, sendo que as relações íntimas oferecem maior risco de infecção.

A transmissão também pode ocorrer através de contatos com objetos contaminados com fluídos das lesões do paciente infectado, isso inclui contato da pele ou material que teve contato com a pele, por exemplo, toalhas ou lençóis usados por alguém doente.

Quais os sintomas da varíola dos macacos?

 Os sintomas de infecção pelo vírus da varíola do macaco são principalmente as lesões na pele, com pápulas e erupções cutâneas, que progridem para pústulas e se tornam crostosas. Essas lesões geralmente se iniciam próximo da face e se distribuem para outras áreas do corpo, como mãos e pés. “Pessoas infectadas precisam ficar isoladas e em observação”, diz o infectologista.

Ainda não se sabe exatamente como ressurgiu a doença, assim como o animal considerado reservatório natural, aquele que carrega o vírus sem apresentar sintomas clínicos. “Pelo que observamos, no surto atual, a circulação do vírus parece estar relacionada ao deslocamento das pessoas e não de animais”, pontua.

Uma medida para evitar a exposição ao vírus é a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel, e o uso de máscaras faciais, além do isolamento das pessoas infectadas e de seus contactantes.

Mais do que nunca, o médico-veterinário tem papel primordial na orientação da sociedade sobre os aspectos relacionados à Saúde Única, por isso, é essencial conhecer todo o ciclo e mecanismo de ação de doenças zoonóticas, para ajudar na divulgação de informações objetivas sobre o que é importante e com o que a população deve ficar atenta a partir de agora. 

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