Especialistas explicam como carrapato-estrela transmite a doença; capivara é a principal hospedeira

Quatro mortes em decorrência da febre maculosa, nos últimos dias, em Campinas, no interior de São Paulo, alertam o País para um surto localizado da doença causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato-estrela.

Segundo os últimos dados do Ministério da Saúde, já foram registrados 53 casos de febre maculosa confirmados este ano no Brasil, com oito mortes registradas. Todos os óbitos ocorreram na Região Sudeste — seis em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro. Quanto ao número de casos, a maior concentração de ocorrências é verificada nas regiões Sudeste (30) e Sul (17).

Diante da letalidade da febre maculosa e dos recentes casos no País, principalmente em São Paulo, é essencial um diagnóstico rápido e preciso. Segundo o médico-veterinário e diretor da Faculdade Qualittas, Francis Flosi, além da temperatura, o carrapato-estrela muda de hospedeiro algumas vezes durante o ciclo de vida e sempre estão presentes onde tem animais, principalmente os mamíferos.

E as capivaras não são as únicas a receber este hospedeiro. Existem parasitose dos carrapatos em cavalos, em bovinos, bois e também cachorro e gato, gambá, outros roedores, inclusive o ser humano.

“Há também a possibilidade de que a transmissão da bactéria ocorra no momento em que os carrapatos infectados e aderidos à pele dos hospedeiros forem retirados com as mãos desprotegidas, além do habito que se tem de esmagá-los com as unhas, ação que pode expor o homem à hemolinfa dos carrapatos infectados provocando a transmissão do patógeno”, explica Flosi.

O período de Incubação é de 2 a 14 dias, com média de 07 dias após a picada. O tempo médio para a inoculação da bactéria gira em torno de 4 a 6 horas de parasitismo, mas dependerá de cada espécie de carrapato.

Entre as complicações, edemas, anasarca, insuficiência renal, manifestações neurológicas, hemorragias, miocardite, insuficiência respiratória, hipotensão e choque.

Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por febre maculosa são: viver ou frequentar áreas onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados.

Principais sintomas:

Febre alta e súbita;

Cefaléia;

Hiperemia conjuntival;

Dor muscular e articular;

Mal estar;

Dores abdominais;

Vômito;

Diarreia;

Exantema (manchas na pele e pequenas vesículas ou bolhas).

Segundo Flosi, a infecção na forma definitiva é preciso que o carrapato fique preso à pele do ser humano por pelo menos quatro horas.

Vale ressaltar que o carrapato que tenha a bactéria fica com ela durante toda a vida, podendo passar a doença para outros indivíduos”, diz o professor.

Se um carrapato infectado se prender à sua pele siga os seguintes passos:

Para remover o carrapato da sua pele, use uma pinça para agarrá-lo e remova-o cuidadosamente.

Trate o carrapato como se estivesse contaminado: mergulhe-o em soluça álcool ou cloro

Limpe a área da mordida com antisséptico.

Lave bem as mãos.

Prevenção

Uma forma de prevenir a doença é, assim que entrar em contato com animais ou áreas que podem ter carrapatos, checar o corpo por presença desses insetos e tomar bastante cuidado ao removê-los da pele e procurar um serviço médico urgente relatando o acontecido.

“É importante o uso de repelentes e roupas mais fechadas e em tons mais claros em passeios em áreas rurais para que possa ver o carrapato na roupa, além de evitar chinelos ou andar descalço, já que o parasita sobe nas pernas”, explica o professor Paulo Abílio, pesquisador também da FIOCRUZ.

“A capivara é tão vitima quanto pessoas e animais, e ela se desloca em áreas grandes como centro e parques, aumentando esse contato em áreas mais urbanas, como ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo, aumentando o risco de pessoas se infectarem e desenvolverem a doença”, completa o especialista em saúde única.

“Esse parasita faz parte da doença de zoonose devido a condição dos óbitos e por isso a importância deste trabalho em conjunto na área médica, tanto de humanos quanto animais”, diz Abílio.

Outra maneira de amenizar a situação é esterilizar as capivaras- principais hospedeiras por viverem em bando e estarem próximas do mato onde esses parasitas ficam-para que elas não tenham superpopulação e, assim, menos hospedeiros. É importante também a vigilância epidemiológica nos animais pet que estão próximos das pessoas, cachorro, gato, boi e cavalo.

 “Todo cuidado é pouco! Mais valer uma grama de prevenção, do que um quilo de tratamento”, finaliza Flosi. 

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