Por que as abelhas estão morrendo numa velocidade duas vezes mais rápida do que alguns anos atrás?

Para tentar responder a essa pergunta o engenheiro do CSIRO (órgão de desenvolvimento científico da Austrália) aposta na tecnologia. Primeiro, sai para caçar abelhas que, uma vez capturadas, são colocadas numa geladeira até que suas temperaturas corporais baixem para 5 ºC, quando entram em hibernação. Souza começa então a segunda etapa do trabalho: As abelhas são depiladas para a instalação de sensores de 2,5 milímetros de largura e 5 miligramas de peso em suas costas. O procedimento dura menos de cinco minutos, quando os bichinhos acordam. Enviadas para uma área de readaptação, elas demoram para se acostumar com o peso extra do chip – e daí estão prontas para voltar às colméias.

Souza não é colecionador de insetos e nem tem um hobby esquisito. Ele é engenheiro do CSIRO (órgão de desenvolvimento científico da Austrália). “Precisamos saber por que as operárias abandonam suas colméias. De forma direta e indireta, isso causa a falência de fazendas e prejudica a produção de alimentos ao redor do mundo”, explica Souza.

 

Abelha australiana com sensor

 

Equipadas com chips de RFID (identificação de radiofrequência, na sigla em inglês), elas saem do laboratório para retomar a polinização, a produção de mel ou qualquer outra função na colmeia. O zum zum zum é monitorado por uma série de antenas que registram toda vez que uma delas passa por um determinado ponto. Essa informação é retransmitida para um centro de controle, onde cientistas criam um modelo tridimensional da movimentação das abelhas. A ideia por trás do estudo é verificar o quanto a exposição aos pesticidas afeta o comportamento de colônias. Para isso, duas das colméias do centro de pesquisa de Hobart são expostas a pólen contaminando com agrotóxico. As outras duas não. Se Souza e sua equipe notarem uma alteração no comportamento das abelhas expostas ao pesticida, como a incapacidade de voltar para o ninho, atrasos e até a morte precoce, o produto passará a ser o principal suspeito de causar o Distúrbio de Colapso de Colônias, ou CCD na sigla em inglês.

Estima-se que, nos últimos seis anos, o CCD tenha causado a morte de 35% das abelhas criadas em cativeiro dos EUA e da Europa – e a Academia Nacional de Ciência norte-americana sugere que o efeito nas colônias selvagens seja ainda pior. Quando as abelhas começaram a desaparecer, especialistas estimaram que elas estariam extintas até 2035. Com o agravamento da crise causada pelo CCD, isso deve acontecer muito antes.
O pesticida pode ser o principal suspeito, mas outros fatores são apontados como possíveis causas desse fenômeno: estresse causado pelas mudanças climáticas, infestações de uma espécie de pulga, radiação de telefones celulares e plantações com sementes geneticamente modificadas. As primeiras conclusões do estudo devem ser conhecidas em junho deste ano.

Mas por que ter tanto esforço para investigar esses bichinhos que insistem em se afogar na sua Coca-Cola?
“É simples: se não tem abelha, não tem comida”, diz o professor Lionel Segui Gonçalves, do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP de Ribeirão Preto. As abelhas são responsáveis por levar pólen de uma planta a outra, colaborando com a fecundação das flores que, por sua vez, geram novos frutos e sementes. Quando não há a polinização, a reprodução fica comprometida. A planta não consegue gerar frutos e brotos ou a variação genética da espécie é prejudicada, já que se torna dependente do próprio pólen para se proliferar. “Ela fica fadada a reproduzir clones de si mesmo, que seriam mais suscetíveis às doenças”, afirma David de Jong, outro professor da USP de Ribeirão Preto, especialista em patologia apícola.

O que aconteceria caso elas sumissem para sempre? Pesquisa realizada pela ONG americana Xerxes Society em parceria com a rede Whole Foods estima que as prateleiras de supermercados perderiam 52% do total dos seus produtos, como banana, maçã, repolho e couve.

Os efeitos devastadores do CCD são mais evidentes em países do hemisfério Norte, mas já há suspeitas de que a síndrome esteja se repetindo em outros lugares, inclusive no Brasil. A versão brasileira da síndrome estaria relacionada ao uso de neocotinoides, um tipo de agrotóxico proibido na União Europeia.

Precisamos usar pesticidas não-tóxicos para as abelhas e priorizar o controle biológico de pragas. E todo mundo precisa saber da importância das abelhas para a natureza e para a nossa alimentação

 

 

 

 

aconselha Gonçalves, da USP de Ribeirão Preto.

 

 

AJUDE O PROCESSO DE POLINIZAÇÃO EM REGIÕES URBANAS! CONSTRUA UMA COLMEIA EM CASA!

 

FONTE: Revista Galileu

Facebook

Arquivos

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*


Mais artigos