Avanços na pecuária ainda serão muitos com estudos que nunca cessam, como o CAR

Por Daniel De Paula

Tanta tecnologia empregada, tanto avanço e resultados encontrados com cada novidade e/ou descoberta no campo e nos laboratórios e a nossa pecuária ainda está em busca de cada vez mais informações e estudos para se aperfeiçoar. Esse virou o tema da Enfoque quando comecei a pesquisar resultados do que está na manchete de muitas seleções para tornar economicamente mais viável a atividade: a medição do CAR – Consumo Alimentar Residual. Pode parecer incrível, mas ainda engatinhamos nesse segmento.

Tem muito pecuarista que já identificou animais com essa viabilidade, mas não se sabe ainda a herdabilidade nem as gerações mais atuais com essa característica passada pelos ancestrais. A busca sempre foi pelo animal que consome menos, dá menos despesa na comida, para produzir mais e com mais qualidade. Tem várias provas acontecendo no País em diversas raças que estão balizando os selecionadores para o chamado animal mais equilibrado, mais completo.

Essas medições começaram na África do Sul com a raça Bonsmara, que perto do ano 2000 chegou ao Brasil com esses estudos já realizados pelo seu inventor, Danie Bosman, um dos grandes especialistas mundiais em raças adaptadas e a quem conheci em 2005, na Fazenda Mariópolis, em Itapira/SP. Desde então, a pecuária passou a procurar um animal que aliasse todas as características desejáveis em fenótipo e genótipo, mas com esse agregado que muitos selecionadores de Nelore, Angus, Guzerá, Brahman, Bonsmara, Senepol e outras raças já estudaram em diversos programas.

O curioso é que nenhuma dessas raças pode se gabar de ter eficiência alimentar como uma característica natural. O que se tem de resultados comparativos não determina nem se um animal é melhor que o outro de outra raça. Cada um tem o seu próprio índice. Isso fica provado num dos testes mais abrangentes do mundo, o Centro de Performance da CRV Lagoa, o CP Lagoa, realizado há mais tempo no Brasil e envolvendo o maior número de raças diferentes, sejam zebuínas ou taurinas.

Assim como em todos os outros testes, o comparativo é entre animais contemporâneos da mesma raça. Não existe ainda uma geração testada com um touro ou uma matriz líder em CAR com os resultados expressos nas progênies.

O que já existe de resultado do CAR determina se um animal é eficiente ou não, se é ou não selecionável. É comum os programas ranquearem animais em morfologia, escore do trato reprodutivo, carcaça por ultrassom, temperamento. Agora, incluem a eficiência alimentar que, recente, ainda não é tão documento porque está em estudo para ter suas conclusões. Para se ter ideia, num dos programas a diferença dos animais inscritos na prova pode ser de 25%.

Tomemos por base animais que podem consumir até 20kg/d de matéria. Quanto menos o animal consumir em relação ao que era programado para um determinado ganho médio diário de peso, mais eficiente ele será. Uma prova do Senepol, recentemente, revelou animal que foi eficiente com um CAR -1,8 kg/d e o seu primo próximo registrou um índice +5,76. Pode ser bom o que for, mas dá mais despesa. Não anula o que é bom nele, mas compromete todas as outras boas avaliações que teve na prova.

Outro fator limitante para essa informação é que quase todos os programas tem medido essa eficiência em machos. O primeiro que passou a avaliar fêmeas é o Safiras do Senepol. Através de uma medição eletrônica dos cochos/balança, a empresa parceira recebe dados ininterruptamente na sua base e os compila em parceria com a Universidade de Viçosa/MG para determinar o CAR das novilhas Senepol, que em breve será a segunda raça mais testada nesse índice CAR no Brasil.

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O próprio Safiras do Senepol agora mede o consumo de água com a mesma tecnologia. Vem aí mais uma informação descoberta pelos criadores e técnicos: quanto um animal consome de água para produzir um quilo de carne. Isso ninguém sabe ainda.

A ABCZ, que acaba de completar 80 anos, ainda está para descobrir muita coisa também com o mesmo sistema usado no Safiras e em grupos de criadores de leite. Inaugurou há poucas semanas uma prova de eficiência alimentar na Fazu.

Ou seja, são exemplos que nos confirmam que, em pecuária, quanto mais se sabe mais é preciso saber. Quanto mais se descobre, mais estudo é preciso e mais ávido por pesquisas e provas fica o homem. Dá gosto de ver esse exemplo, que devia ser seguido por todos os segmentos da nossa sociedade.

 

Fonte: Rural Centro

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1 Comment Posted

  1. A eficiência alimentar mostra que além da relevante preocupação com o desenvolvimento do animal, ainda há como necessidade avaliar os custos envolvidos para tais finalidades com o crescimento destes. O mais interessante, ao meu ver, foi constatar que nem sempre o animal mais robusto é o melhor, pois os gastos que o suplantam podem não ser viáveis para boa parte dos pecuaristas. E ainda que as pesquisas precisam avançar…

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