Aspectos geral da Leishmaniose Visceral

Por Thiago Souza Azevedo Bastos e Darling Melany de Carvalho Madrid

•Resumo•
Leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose crônica, causada por um protozoário intracelular do gênero Leishmania, cuja transmissão ocorre pela picada de um vetor flebotomíneo. Os cães são o principal reservatório desta doença. A LV é responsável anualmente por 59.000 óbitos, sendo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, a segunda enfermidade de maior relevância entre as protozooses tropicais. Portanto, para a melhor compreensão desta doença, neste trabalho foram reunidas informações relacionando os protozoários, os insetos vetores e os hospedeiros susceptíveis nas diferentes regiões onde ocorrem.

•Introdução•

Leishmaniose visceral (LV) é uma zoonose crônica, causada por um protozoário intracelular do gênero Leishmania, cuja transmissão ocorre pela picada de um vetor flebotomíneo (CORTES et al., 2012) e na ausência de tratamento, resulta em casos fatais (DANTAS-TORRES, 2006). Os canídeos são considerados como principais reservatórios dessa enfermidade, que na forma humana é também conhecida como Kala-azar (no Velho Mundo) ou calazar (no Novo Mundo). Kala-azar é uma palavra de origem Hindi, que significa doença fatal ou doença negra (Kal significa fatal, Kala significa negra, e azar significa doença) (ZIJLSTRA & EL-HASSAN, 2001).

A LV é uma enfermidade de grande importância para saúde pública, pois é responsável anualmente por 59.000 óbitos no mundo (DA SILVA et al., 2010), resultante de aproximadamente 500.000 casos da doença, partindo de um valor estimado de 12 milhões de pessoas infectadas por ano (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE – OMS, 2012). Dessa forma, dentre os 42.067 registros de doentes nos últimos doze anos, no Brasil, ocorreram 2.704 óbitos, resultando em uma incidência média de 1,92 casos por 100.000 habitantes durante esse período (BRASIL, 2012a, 2012b, 2012c, 2012d).

Segundo Montalvo et al. (2012), 90% dos casos de LV ocorrem em países onde existe grande parte da população em situação de pobreza (Índia, Bangladesh, Nepal, Sudão e Brasil). Mas, não só o fator financeiro é um obstáculo para o controle dessa doença, mas também as mudanças no comportamento humano, como a expansão urbana e o convívio com áreas de mata, contribuem com o aumento do número de casos da doença (CALVOPINA et al., 2004).

Essa elevação global dos casos de leishmaniose observados nas zonas endêmicas nos últimos anos é resultado de muitas falhas. Estão relacionadas ao controle inadequado dos vetores e reservatórios, ao aumento do número de casos da doença em pacientes imunodeprimidos (ex.: pessoas com AIDS), ao aumento da resistência do agente ao tratamento e ao impacto causado pelas alterações climáticas globais, que refletem positivamente no incremento da transmissão de diversas outras doenças vetoriais (MONTALVO et al., 2012).

De forma geral, cães também são afetados pela doença por todo o mundo, com exceção da Oceania. Entretanto, sua predominância é observada na América do Sul e no Mediterrâneo, onde a leishmaniose está ampliando a área de ocorrência, atingindo locais onde a desconheciam. Como exemplo desse fato, pode-se citar a confirmação de casos ao norte da Itália, nas províncias ao sul do Canadá (DANTAS-TORRES et al., 2012) e no leste dos Estados Unidos (PETERSEN & BARR, 2009).

Sabe-se que existem pelo menos 2,5 milhões de cães infectados apenas no sudoeste europeu (CORTES et al., 2012). Portanto, levando em consideração que a LV é endêmica em 88 países, e que apenas 32 dispõem de serviços de notificação compulsória da doença (OMS, 2012) e não apenas cães podem ser infectados (MOLINA et al., 2012), percebe-se por que leishmanioses (forma visceral e tegumentar juntas) são consideradas pela Organização Mundial da Saúde – OMS, como a segunda enfermidade de maior relevância entre as protozooses tropicais (LAINSON, 1985).

Neste trabalho foram reunidas informações para a melhor compreensão dessa doença, que tem uma relação dinâmica com interações de alta complexidade entre os protozoários, os insetos vetores e os hospedeiros susceptíveis nas diferentes regiões onde ocorrem.

Esse artigo foi cedido gentilmente pelo nosso parceiro Vet Smart e pode ser consultado na íntegra por veterinários e estudantes no site www.vetsmart.com.br .

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