Setembro Amarelo e a importância da saúde mental dos médicos-veterinários

O mês de setembro marca uma série de ações voltadas à manutenção e melhora da saúde mental das pessoas, principalmente as voltadas à prevenção ao suicídio. Trata-se do Setembro Amarelo, criado numa iniciativa conjunta do Centro de Valorização da Vida (CVV), Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O psicólogo clínico Victor Neves afirma sobre as consequências para a saúde mental dos médicos-veterinários e com as condições em que vivem atualmente. “O médico-veterinário enfrenta diversos tipos de dificuldades e pressões emocionais, entre alguns dos exemplos mais importantes estão a rotina intensa e estressante na prática clínica, falta de valorização dos profissionais da área, dificuldades para lidar com reclamações excessivas e desrespeitosas de tutores/responsáveis, peso da responsabilidade que a atuação exige nos procedimentos e cuidados médicos que podem gerar ansiedade e culpa, como ter que avaliar um animal e realizar a eutanásia em algumas situações em que este já não apresente um quadro clínico que permita a reabilitação e o animal esteja em sofrimento, onde na avaliação fique demonstrado que postergar essa vida só trará mais dor, sendo a morte algo imenente, mas que qualquer erro de avaliação pode abreviar uma vida”, ressalta o psicólogo.

Victor adiciona, ainda, questões relacionadas ao preconceito com a mulher que escolheu seguir essa carreira. “Há relatos de médicas-veterinárias que sofrem duramente com o machismo estrutural da nossa sociedade, sofrendo preconceito com tutores/responsáveis, com colegas de profissão, no ambiente de trabalho, onde a palavra da mulher é desacreditada, diminuída, e sua atuação é o tempo todo questionada, trazendo desmotivação e desânimo para as profissionais que já se sentiam sobrecarregadas em muitos momentos, e ainda carregam um peso extra pelo fato de serem mulheres”, comenta Victor.

Em geral, segundo o psicólogo, com essa realidade repleta de desafios a serem superados todos os dias, o médico-veterinário muitas vezes sente a sua energia diminuindo, esvaziando, se exaurindo, e aquele prazer que estes profissionais possuíam em primeiro momento, vai sendo visto como algo cada vez mais distante da realidade, na prática.

De acordo com Victor, isso contribui e muito para o esgotamento físico e mental característico da Síndrome de Burnout. “Esses profissionais muitas vezes se veem sem saída, não sabem a quem recorrer ou pedir ajuda, sentem que é um ambiente muito competitivo, um mercado disputado, e admitir a necessidade de uma ajuda profissional pode ser entendido como um sinal de fraqueza, e com isso acabam por guardar essa pressão interna para eles próprios”, explica o especialista.

O cenário é que não há um preparo, uma orientação e um cuidado para essa carga emocional que estes profissionais precisam lidar, no período universitário; muitos não faziam ideia dos desafios que teriam que enfrentar, trazendo um peso que até profissionais da área da saúde mental teriam dificuldade para tolerar. “Mesmo no universo da psicoterapia, há a recomendação que todo terapeuta também necessita de apoio e suporte emocional, passando ele também por um processo de terapia. Por isso é válida e importante a reflexão, não seria a hora de darmos a devida atenção ao tema?”, finaliza o psicólogo.

Quer saber mais sobre o assunto? O psicólogo clínico e professor Victor Neves vai participar do WebiVet – Qualittas sobre o médico-veterinário e o Burnout, no dia 30/09, às 19h30.

O webinar será gratuito e ao vivo. Acesse o link e faça a sua inscrição:

http://bit.ly/medvetburnout

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