Presença do animal garante melhoria na qualidade de vida das pessoas com deficiência visual

É nessa relação de parceria, segurança, equilíbrio físico e emocional e muito amor, que César Renato, de 42 anos, descobriu uma nova experiência de vida com a chegada de Harry, de 2 anos e 8 meses, seu cão-guia da raça Golden Retriever. “Ele me traz sensações de, às vezes, voltar a enxergar. É muito bom! Ele transformou minha vida desde que chegou, há quatro meses. Não tinha ideia do trabalho do cão-guia com pessoas com deficiência visual. Agradeço ele todo momento por me ajudar em cada poste, rua, nas escadas, em toda minha direção e olhar para seguir adiante”, diz César, que sofre de retinite pigmentosa ou retinose pigmentar, uma doença degenerativa da retina que causa perda de visão progressiva, podendo conduzir à cegueira. “Aos 23 anos, notei que estava perdendo a visão até chegar no que chamamos de cegueira legal, onde só enxergo vultos”, detalha.

A ideia do cão-guia surgiu de uma indicação de uma amiga, que também sofre de deficiência visual, e recomendou o trabalho do Instituto Magnus. “O processo de adoção é lento, pois tem muitos deficientes para poucos cães-guias.  Você também tem que passar por diversas fases desde combinar seu perfil com o do animal, altura, velocidade ao andar e temperamento, além de se acostumar a andar sem a bengala. O Instituto Magnus foi incrível e deu toda assistência”, diz César, que contou com o apoio da esposa Carla, de 36 anos. “Aqui em casa todos amam cachorro e ela sempre me apoiou na decisão”.

Mesmo quando não está guiando, Harry está sempre junto do seu tutor. “É 24h no meu pé, é como um filho”, diz César, que se emociona ao recordar o momento da descoberta da aprovação da adoção do animal. “Você nunca espera porque hoje tem muitas pessoas na fila esperando por um cão-guia, mas, quando te ligam, marca a vida, é muito emocionante”, afirma.

Segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual severa, sendo 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão. Com isso, a visão se sobressai, muitas vezes, em uma bengala, nas pontas dos dedos, nos olhos de outra pessoa ou em outro aliado: o cão-guia.

Mesmo com toda importância e aceitação em qualquer lugar público conforme a Lei Federal n°11.126/2005 regulamentada pelo Decreto Federal n° 5.904/2006, o número de cães-guias no país ainda é muito baixo. Os principais motivos são o pouco tempo de difusão, já que sua vida cultural chegou por aqui nos anos 90.

Toda última quarta-feira do mês de abril é comemorado o Dia do Cão-Guia. A função deste animal é oferecer a pessoa com deficiência visual segurança na locomoção, melhora do equilíbrio emocional e na socialização, ou seja, um novo sentido à vida. “A relação é um vínculo afetivo entre o animal e o tutor e quando o animal se porta como um co-terapeura, a alma desse animal estimula os sentidos na pessoa de forma específica”, diz a professora da Faculdade Qualittas, médica-veterinária sistêmica e terapeuta da família multiespécie, Ednilse Galego.

É importante reforçar que a presença do cão-guia deve ser aceita em qualquer lugar público, inclusive nos meios de transporte.

Porém, César faz um alerta importante para as pessoas que avistarem um cão-guia em ação. “Não desvie a atenção do animal quando ele estiver trabalhando. Isso atrapalha sua concentração e pode causar acidente durante o percurso para a pessoa com deficiência visual, pois depende da atenção do animal”, destaca.

 Assista ao vídeo emocionante de César Renato sobre a experiência de adoção de seu cão-guia e a mudança de vida com a chegada do novo parceirão, Harry!

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