Preocupações futuras na economia e avicultura devem estar atentas!

Por Valter Bampi

Mudanças acontecem quando escolhemos ou quando não há escolha. A segunda é mais comum. Se europeus tivessem controlado gastos antes da crise de 2008, escolas, hospitais não seriam fechados. Aqui não são diferentes, mudanças econômicas profundas – como a Lei de Responsabilidade Fiscal, renegociação da dívida de Estados /Municípios, autonomia do Banco Central  – aconteceram quando estávamos à beira da falência. Passado medo do colapso enfraqueceram nos últimos anos, sem crises, políticos não têm coragem para adotar medidas imprescindíveis, mas impopulares.

De 2004 a 2010 PIB brasileiro cresceu a um ritmo de  5% a.a., 2,5 vezes a média dos 25 anos anteriores, só possível por ajustes econômicos feitos antes, forte crescimento na procura global por matérias primas que exportamos uma grande queda do custo de capital no mundo. Este modelo de desenvolvimento baseado na expansão da procura tanto externa quanto doméstica pelos nossos produtos e serviços está esgotado, nos últimos três anos, voltamos à média histórica de crescimento do PIB de apenas 2% a.a.

Dois fatores que ajudaram o crescimento acelerado de 2004 a 2010 acabaram: incorporação de mão de obra ao mercado de trabalho e maior utilização da infraestrutura existente, desemprego já é o mais baixo da história e gargalo da infraestrutura é visível. Para sustentarmos crescimento mais rápido, só investindo muito em qualificação de mão de obra, máquinas, equipamentos e infraestrutura. China, que cresce 3 a 4 vezes mais rápido que o Brasil, investe em sua infraestrutura, a cada 3 meses, o equivalente a todo o estoque de infraestrutura existente no Brasil.

Se você estivesse concorrendo à reeleição e, a menos de um ano das eleições, as pesquisas indicassem sua vitória com uma folga razoável, você faria grandes mudanças na política econômica? A Dilma também não. O que esperar da economia futura? Sem uma nova crise externa, o PIB deve crescer cerca de 2%, os juros subirão para impedir que a inflação aumente e o dólar cairá ao longo do ano.

Desacelerações dos estímulos monetários nos EUA deflagram o estouro de bolhas de ativos pelo mundo,recuperação da economia chinesa abortada ou novas crises financeiras pipocarem na Europa ou nos países emergentes, nosso crescimento será próximo de nulo e, temporariamente, o dólar subirá mais,pressionando a inflação. Em síntese, O Brasil terá, na melhor das hipóteses, um 2014 medíocre, pior, estagnação. Felizmente, algumas regiões e setores terão um bom desempenho. Norte, Centro-Oeste e o interior do país crescerão mais, impulsionados pelo vigor do agronegócio e mineração, Nordeste a emergência de novos consumidores continuará forte. Setores de serviços, comércio e imobiliário também crescerão mais do que o PIB, beneficiando-se da expansão de renda e crédito, e da falta de concorrência estrangeira, ao contrário da indústria. Pelo 11º ano consecutivo, a produção industrial deve expandir-se menos do que as vendas no varejo. Continuaremos a consumir mais do que produzimos, isso ficará insustentável, deflagrará uma nova crise que forçará mudanças que poderíamos ter feito antes, por escolha própria, em condições muito mais favoráveis.

Valter Bampi

 

 

Valter Bampi

Médico Veterinário, professor universitário, especialista avícola e diretor da Bampi Consultoria.

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