Pouco conhecida, doação de sangue animal salva vidas de muitos pets

É celebrado no dia 14 de junho o Dia Mundial do Doador de Sangue. O que muitos donos de pets não sabem, é que os animais também podem e devem doar sangue para ajudar a salvar vidas de muitos pets que precisam.

A médica-veterinária e doutora em medicina transfusional, que é professora da Pós-Graduação de Medicina Laboratorial da Faculdade Qualittas, Raquel Reis Martins, explica a grande importância da doação de sangue de cães e gatos, além de ser um ato de cuidado com seu animal. “Muitos pacientes necessitam repor sangue em inúmeras situações para sobreviver. Obtido unicamente pela doação voluntária e altruísta, a doação de sangue é uma necessidade universal. Por isso, os doadores de sangue são seres tão especiais”, comenta a Raquel.

Além de homenagear os doadores, essa data tem como objetivo também conscientizar os não-doadores sobre a importância deste ato, e sensibilizando-os a fazer o mesmo. “Encontrar animais que preencham os pré-requisitos de doadores, já não é uma tarefa fácil, somado a isso há a desinformação da população, pois a doação de sangue animal é uma prática ainda é pouco conhecida”, diz a professora da Qualittas.

E é justamente a falta de informação que faz com que mesmo os responsáveis que sabem dessa possibilidade, fiquem receosos em permitir que seus animais doem sangue, com medo de que eles sofram ou que corram algum risco. “Por isso, as campanhas para informar e encorajar tutores são extremamente necessárias”, ressalta a doutora.

Critérios para a doação

De acordo com a professora Raquel, respeitar os critérios de doação é extremamente importante para segurança dos doadores, bem como para certificação de que os animais que necessitem desse sangue estão recebendo um produto de qualidade.

A professora da Pós-Graduação de Medicina Laboratorial da Faculdade Qualittas, Raquel Reis Martins, explica a grande importância da doação de sangue de cães e gatos, além de ser um ato de cuidado com seu animal. “Muitos pacientes necessitam repor sangue em inúmeras situações para sobreviver”

Para os Cães

  • Ter entre 1,5 e 8 anos de idade
  • Peso mínimo de 27 kg (atenção a isso!)
  • Temperamento dócil, calmo e não ser medroso (Nunca deve ser sedado)
  • Estar devidamente vacinados e desverminados
  • Com controle de ectoparasitas (pulgas e carrapatos)
  • Estar clinicamente saudável (ter teste de PCR negativo para doença infecciosas como ehrlichiose, babesiose e leishmaniose)
  • Nunca ter recebido transfusões prévias
  • Fêmeas, não podem estar em período de cio, período gestacional ou lactantes.

Para os Gatos

  • Ter entre 1 e 7 anos;
  • Peso mínimo de 4,5 kg
  • Temperamento dócil e calmo (mesmo que muitas vezes necessitam de sedação)
  • Estar devidamente vacinados e desverminados
  • Não ter acesso à rua (nem dar a famosa “voltinha”)
  • Com controle de ectoparasitas (pulgas e carrapatos)
  • Estar clinicamente saudável (ter teste de PCR negativo para doença infecciosas como FIV, FeLV e Micoplasmose)
  • Nunca ter recebido transfusões prévias
  • Fêmeas, não podem estar em período de cio, período gestacional ou lactantes.

 Como é feita a doação

O procedimento para doação de sangue é simples. “São utilizados apenas materiais esterilizados e descartáveis. Respeitando todos os pré-requisitos necessários ao doador, a quantidade de sangue retirada não afeta a sua saúde, sendo, portanto, um procedimento seguro”, explica a professora.   

O ideal é que seja realizado com hora marcada, para que os animais não fiquem aguardando longos períodos, deixando-os impacientes e ansiosos. “Outra vantagem das coletas agendadas é que evitam que animais se encontrem, o que pode fazer com que fiquem agitados ou agressivos”, destaca a especialista.

No caso de cães utiliza-se a mesma bolsa da medicina humana, por isso, o doador precisa ser grande para poder retirar 450 mL de sangue sem prejuízos. “A jugular é a veia de escolha já que é o vaso sanguíneo de maior fluxo, além disso, a agulha que vem acoplada à bolsa é bastante calibrosa. O tempo de coleta não deve ultrapassar 15 minutos, aumentando o risco de coágulos na amostra”, explica Raquel.

No caso de gatos, o procedimento também é seguro, mas um pouco mais delicado, já que na maioria das vezes os bichanos necessitam ser sedados. “O volume a ser retirado também é menor (no máximo 12 mL/Kg), assim um gato de 5 Kg não poderá doar mais que 60 mL no total. Sendo assim, na maioria das vezes são utilizadas seringas de grande volume contendo o citrato (anticoagulante da bolsa) e após coleta, o sangue é transferido para dentro da bolsa onde pode permanecer por no máximo 24 horas até que seja transfundido, já que trata-se de um sistema aberto” e pode ser perigoso ao receptor, pois o sangue é um ótimo meio de cultura para bactérias, diz a professora.

Fundamental também saber da necessidade de reposição de volume do doador através da fluidoterapia. “Lembrem-se a saúde e o bem-estar do doador devem ser preservados durante o processo, de forma que o animal não se machuque ou sinta dor, nem tenha a saúde prejudicada”, acrescenta. 

Em caso de necessidade extrema, uma espécie pode receber da outra, como por exemplo gatos receberam sangue canino?

Conhecido como xenotransfusão, em outras palavras, dar sangue de uma espécie para outra espécie, essa prática é historicamente documentada, indicada em casos de extrema necessidade, sendo ainda muito controversa na literatura, segundo a professora Raquel.

“Estudos demonstram que 100% dos gatos que receberam uma xenotransfusão desenvolveram anafilaxia, e 66% dos gatos morreram na 2ª exposição de uma transfusão. Ou seja, é um procedimento de alto risco, que na maioria das vezes não vale a pena. O ideal é, enquanto procura um doador da mesma espécie, manter esses pacientes com volume com cristaloides e coloides”, finaliza Raquel.

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