O manejo nutricional das fêmeas bovinas está diretamente relacionado ao seu Escore de Condição Corporal (ECC) e deve-se objetivar entre 3 e 3,5 na época do parto

A busca pela eficiência reprodutiva é o fator que, isoladamente, mais afeta a produtividade e lucratividade dentro de um rebanho. Um dos pontos que atinge o desempenho dessa reprodução é a nutrição desses animais. O manejo nutricional das fêmeas bovinas está diretamente relacionado ao seu Escore de Condição Corporal (ECC)- que é a maneira de se avaliar um animal baseando-se na sua massa de gordura corporal e cobertura muscular-, e deve-se objetivar entre 3 e 3,5 na época do parto. Por isso, é muito importante conhecer a relação entre a nutrição e a reprodução para obter bons resultados dentro da propriedade, tanto na produtividade quanto nos índices reprodutivos.

Vacas com ECC menor do que 2,5 (escala de 1 a 5) antes do parto têm maior probabilidade de apresentarem problemas reprodutivos, exceto se houver uma nutrição suficiente para atender às suas exigências. No pós-parto, o consumo de matéria seca (MS) não é suficiente, obrigando-as a mobilizarem suas reservas corporais para a produção de leite – prioridade em relação às funções reprodutivas.

De acordo com o médico-veterinário Reuel Luiz Gonçalves, gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó, em artigo publicado na Revista AG de junho, mudar o ECC de 2 para 3,5 representa adicionar em torno de 45 kg ao peso da matriz. Como o objetivo é melhorar seu índice de prenhez, a mudança pode representar um ganho adicional de 20 a 30 bezerros a cada 100 vacas em reprodução, considerando o aumento médio que se consegue na taxa de prenhez (20% a 30%).

Para ter um bom desempenho, o médico-veterinário afirma que o melhor caminho é o emprego de suplementos minerais proteicos que contenham, além de ureia, fonte de nitrogênio não protéico e farelos ricos em proteína, como soja, algodão ou subprodutos disponíveis regionalmente para estimular a ingestão de matéria seca e, consequentemente, o ganho de peso do animal. Para isso, também é imprescindível ter um bom manejo da pastagem e uma boa reserva de forragem. Do contrário, a estratégia fica comprometida.

A suplementação deve ocorrer no período mais adequado para o acúmulo de gordura da fêmea prenhe, e o ganho de peso diário deve ficar ao redor de 600 gramas, com um arraçoamento que se estenda por 75 dias (600 g x 75 = 45 kg). Mas a meta só é possível de ser atendida se a dieta for direcionada à exigência nutricional e a características de cada animal. No caso de uma vaca Nelore de 400 kg, por exemplo, é preciso usar uma mistura que forneça 522 g de proteína metabolizável por dia e 9,1 Mcal/dia de energia/dia, segundo recomenda a literatura. Para atender à demanda com viabilidade econômica, poder-se-ia administrar, então: 0,8 kg de farelo de soja (R$ X/dia), 0,6 kg de milho (R$ Y) e 60 g de ureia pecuária (R$ Z). Somando os valores, o custo da suplementação é de R$ (X+Y+Z) por vaca para um ganho de 1,5@ em 75 dias.

Um baixo ECC durante o parto ou nas matrizes primíparas pode levá-las ao anestro, interferindo negativamente no ciclo produtivo e reprodutivo da propriedade. O período também é determinante para seu retorno precoce à atividade ovariana pós-parto e para o desempenho dos bezerros durante e ao final da desmama. Vacas com longo período de anestro pós-parto na estação de monta anterior tendem a ser mais jovens e a entregar crias mais leves.

Para que a fêmea bovina consiga manter uma boa condição corporal após a parição, produza leite suficiente para criar bem o bezerro e consiga reconhecer mais rapidamente, precisa acumular reservas na forma de gordura. Mas, nesse caso, a suplementação não deve ocorrer com sua cria ao pé, pois surtiria pouco efeito. Já que a energia do alimento seria direcionada principalmente para a amamentação da cria ao invés da recomposição do seu peso corporal. Assim, o melhor é antecipar a desmama para sete meses e investir no aumento do ECC da vaca com uso de suplementação mineral e vitamínica injetável para evitar a predisposição a problemas reprodutivos.

Texto adaptado pela Qualittas do artigo da Revista AG

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