Médica-veterinária chama a atenção para os cuidados e trocas de amor com os animais de estimação que estão sob cuidados dos tutores, porém sem a humanização

O crescente vínculo entre os humanos e os animais é tão especial que esses companheiros ganharam uma data para serem homenageados: 14 de março, Dia Nacional dos Animais. O foco do dia é conscientizar os cuidados e os direitos que esses seres tão amados devem ter. De acordo com os últimos dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), no Brasil, este número aumenta todos os anos, provando que cada vez mais famílias, ou ainda pessoas que moram sozinhas, buscam um animal doméstico para dar e receber amor. “Hoje, os animais são tão especiais na vida dos tutores que uma família é reconhecida por direito como sendo de multiespécie”, diz a professora da Faculdade Qualittas, médica-veterinária sistêmica e terapeuta da família multiespécie, Ednilse Galego.

A médica-veterinária faz um alerta para o excesso deste carinho, havendo a humanização do animal. “Isso ocorre quando existe o esquecimento das necessidades biológicas da espécie por parte da família humana. O amor dos tutores pode ser intenso à ponto de se esquecer que eles não são bebês humanos, e podem se sujar na terra, latir, rolar e passear na grama por exemplo. Para suprir as necessidades humanas e deixá-los dormirem na cama do tutor, terem livre acesso à parte interna da casa, banhos constantes são necessários, bem como muitas privações”, aponta Ednilse.

Toda essa demanda, faz com que os animais, apesar de serem muito amados, não consigam expressar as suas necessidades como espécie de forma plena, causando muitas vezes, doenças físicas ou comportamentais. De acordo com a especialista, os tutores fazem isso de forma inconsciente e por amor. “É um amor disfuncional. A parte da psique humana que se relaciona com os animais domésticos é o da criança interna, diz.

Para Ednilse, mesmo estando na fase adulta, interagimos com os animais de uma parte da mente, que é da nossa criança. “Ela pode ser criativa, feliz e brincalhona, porém a criança interna pode estar ferida por rompimento do fluxo de amor com os nossos pais, mesmo que tenhamos uma infância feliz, registros inconsequentes de amor interrompido pode ter ocorrido”, descreve. “Nos dias atuais, é importante que seres humanos que se vinculam fortemente com os animais, tenham consciência das dinâmicas que envolvem essa relação, bem como ter conhecimento de seu mundo interno, com os aspectos escondidos que ficam armazenados no inconsciente. Desta forma, a relação tutor/animal será mais saudável e leve para ambos”, comenta a especialista.

 Por isso é importante o amor na medida certa! “Devemos olhar a importância dos animais no nosso convívio, mas precisamos deixar esse amo fluir e respeitar que os animais expressem as suas necessidades biológicas, sem o excesso da humanização”, finaliza a profissional.

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