Doença sem cura, pode atingir todos os animais e causar grande prejuízo ao produtor, se for acometido, animal deve ser abatido

Apesar da tuberculose bovina ocorrer com mais frequência em bovinos e bubalinos, a doença é altamente transmissível e pode infectar diversos animais domésticos, como cães, gatos, caprinos, ovinos, suínos, além de animais selvagens, como cervídeos e javalis.

O ser humano também pode contrair a doença, podendo ser confundida com os sintomas da tuberculose humana. Para evitar a contaminação é importante evitar tomar leite não fervido e ingerir produtos lácteos que sejam produzidos com o leite cru. De acordo com a pesquisadora do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Cristina Corsi Dib, a tuberculose é uma doença crônica e, na maior parte das vezes, subclínica ou inaparente, e, que, na ausência de diagnóstico, pode passar despercebida e causar prejuízos econômicos consideráveis.

Doença infecciosa causada por uma bactéria denominada Mycobacterium bovis, a tuberculose bovina pode motivar, segundo a especialista, diminuição na conversão alimentar, afetando, normalmente, em queda no ganho de peso e na produção de leite e atraso na primeira lactação, além da diminuição no número e duração das lactações.

Ainda de acordo com Cristina Dib, a doença pode causar a condenação de carcaças, o descarte precoce, a eliminação de animais de alto valor zootécnico, além de diminuição da fertilidade das fêmeas afetadas e, finalmente, a morte de animais.

Impacto socioeconômico

 A pesquisadora do Instituto Biológico destaca também que a doença causa impacto, do ponto de vista socioeconômico, com a perda de credibilidade da unidade de criação, e o risco de transmissão a tratadores, médico-veterinário e demais profissionais envolvidos com as atividades de manejo dos animais.

Cristina Dib ressalta que a principal via de transmissão entre os animais é respiratória. Segundo a pesquisadora, a bactéria é eliminada por aerossóis gerados na respiração e eliminação de descargas nasais. Ela enfatiza que a ingestão é também uma via importante, devido à contaminação de pastagens, alimentos e água por animais infectados, embora também possa ser transmitida por meio do leite para os bezerros ou por via intrauterina.

Para a pesquisadora, a entrada da tuberculose nas propriedades se dá, principalmente, devido à introdução de animais infectados no rebanho, adquiridos sem exames prévios de tuberculina ou provenientes de propriedades que não estejam classificadas como livre de tuberculose. “Isso constitui enorme problema para sanidade do rebanho como um todo e grande entrave para o controle e erradicação da doença”, diz Cristina Dib.

Diagnosticar para prevenir

Segundo a especialista, o uso da tuberculina é a única maneira de diagnosticar e prevenir a ocorrência de tuberculose em animais de produção. “O imunobiológico, produzido no Brasil pelo Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é considerado o grande pilar dos programas de controle de tuberculose em todo o mundo, sendo uma estratégia de prevenção da doença e, consequentemente, aumento da produtividade do rebanho”, afirma. A pesquisadora explica que o diagnóstico da tuberculose bovina é feito no campo por meio do teste intradérmico da tuberculina. Todos os animais, a partir de seis semanas, devem ser submetidos a tuberculinização por um médico veterinário habilitado. “Por se tratar de uma doença sem sinais clínicos evidentes, a tuberculina é a única maneira de diagnosticar a enfermidade no rebanho e eliminar os animais positivos para evitar a disseminação da infecção”, orienta. A profissional recomenda que os animais positivos devem ser eutanasiados na propriedade ou enviados para abate sanitário em abatedouros.

Estratégia de prevenção

A ingestão é também uma via importante de contágio por causa da contaminação de pastagens, alimentos e água por animais infectados. “O uso do produto é mais do que uma forma de diagnóstico de tuberculose em animais vivos, mas uma grande estratégia de prevenção da doença, já que elimina os animais infectados do rebanho”, explica a pesquisadora, que acentua. “Não há tratamento para a tuberculose bovina, portanto, os animais devem ser eutanasiados ou abatidos, o que pode ser irreversível para o rebanho, caso a prevalência da doença esteja muito elevada”. Ela reforça que quanto maior a distância entre os testes tuberculínicos, maior a possibilidade de não detectar animais positivos que permanecerão no rebanho, aumentando a transmissão da enfermidade e tornando seu controle mais difícil, por isso, a importância da utilização deste produto.

Produção de tuberculina

O uso da tuberculina é a única maneira de diagnosticar e prevenir a ocorrência de tuberculose em animais de produção.  O Instituto Biológico-IB é a única instituição brasileira autorizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a produzir esses imunobiológicos, atendendo ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT). “O IB mantém em São Paulo o Laboratório de Imunobiológicos, responsável pela produção da tuberculina bovina e demais produtos utilizados para diagnóstico de tuberculose e brucelose em animais”, informa Cristina Dib.

Segundo a pesquisadora, desde 2019 o Instituto Biológico passa por atualização de seu portfólio, graças a investimentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). “Os recursos foram fundamentais para que o IB aumentasse, em 2020, o prazo de validade dos frascos de tuberculina para triagem e confirmatório de tuberculose, que passaram a ter dois anos, o dobro do que era disponibilizado anteriormente. Para o AAT, o aumento na validade foi de seis meses, passando de 12 para 18 meses”, diz a especialista.

O médico-veterinário do Instituto Biológico, Ricardo Spacagna Jordão acentua que “isso tem ajudado muito na rotina de compra e de armazenamento dos produtos pelos profissionais que atuam no campo, além de também reduzir o desperdício”.

De acordo com o veterinário, em 2020, foram produzidas 5.484.430 doses de imunobiológicos no Instituto, um aumento de 20% em relação à produção de 2019. “No mesmo período, foram comercializadas 4.995.680 doses, o que representou um crescimento de 46,6% na arrecadação total de 2020, em comparação ao ano anterior”, ressalta Spacagna.

Fonte: Instituto Biológico – Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo adaptado por Qualittas

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