Dia do Boi: os desafios para a bovinocultura brasileira

Celebrado em 24 de abril, o Dia do Boi é pecuária brasileira, um dos setores mais importantes da economia nacional. Para marcar a data, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV/SP) destaca os principais desafios para a bovinocultura brasileira que, mesmo sendo referência no mercado mundial da carne, ainda tem oportunidades de desenvolvimento, aliando ampliação da produção à sustentabilidade e ao bem-estar animal.

Para o médico-veterinário Ricardo Jordão, membro da Comissão de Saúde Animal do CRMV/SP, além de contar com o maior rebanho bovino comercial do mundo com 221,8 milhões de cabeças de gado (IBGE 2018), o País é referência internacional quando o assunto é bovinocultura. “Os países importadores exigem muita qualidade e isso impulsiona o Brasil na melhoria contínua de sua cadeia produtiva”, afirma.

Segundo ele, além das exigências sanitárias internacionais que regulam o setor, o mercado interno nacional também está mais rigoroso, demandando dos produtores qualidade e preços acessíveis. “O produtor rural se tornou um empreendedor. Produzir exige profissionalização e comprometimento, com foco no consumidor e na produtividade, seja na fazenda ou na indústria processadora”, enfatiza o médico-veterinário.

Apesar do mercado consolidado e o reconhecimento internacional, Ricardo Jordão acredita que a bovinocultura pode crescer ainda mais em território brasileiro. Para isso, o médico-veterinário defende o desenvolvimento estruturado nos pilares: nutrição, melhoramento genético e reprodução animal. “A eficiência produtiva só pode ser alcançada com a associação dessas áreas”, assegura.

O bem-estar animal e a preservação ambiental são pontos que têm recebido maior atenção nos últimos anos, ressalta o zootecnista Celso Carrer, membro da Comissão de Políticas Públicas do CRMV/SP. As práticas de manejo racional das pastagens, com proteção de áreas de matas e mananciais e de recursos naturais, são, na visão do zootecnista, itens indispensáveis para a pecuária tecnificada do futuro. “Os sistemas integrados de pecuária e floresta proporcionam mais conforto para os animais e melhora no desempenho produtivo, assim como ampliam a sustentabilidade”, destaca.

Bem-estar animal

Para Celso Carrer, outra tendência é a adoção de sistemas de produção que envolvam o bem-estar animal, desde o manejo de crias até os abates humanitários.

“Estruturas produtivas de pastagens, como o pasto sombreado, plantas de currais de manejo com ambiência, que proporcionam conforto ao rebanho, e sistemas de transporte de animais, devem passar por adaptações para reduzir perdas de produção e de qualidade dos produtos finais, ocasionadas pelo acúmulo de estresse”, ressalta o zootecnista.

Segundo Celso Carrer, essas práticas de bem-estar proporcionam efeito direto no desempenho econômico das unidades produtivas. “A redução do tempo de engorda dos animais, o que aumenta o giro de capital da atividade; a liberação de áreas de pastagens durante o processo intensivo de engorda no inverno, o que alivia a lotação animal nas áreas restantes; e a melhoria acentuada dos índices de reprodução e crescimento dos animais são alguns efeitos diretos”, afirma.

Tecnologia e Pesquisa

O médico-veterinário Ricardo Jordão acredita que a tecnologia também deve impactar a produtividade da bovinocultura, contribuindo para a saúde e o bem-estar dos animais. Soluções tecnológicas simples e de fácil implementação já poderiam, segundo Jordão, inclusive, figurar no dia a dia dos pecuaristas brasileiros, porém a variação de porte entre os produtores (pequenos, médios e grandes) demanda estudo prévio de aplicabilidade.

Outro ponto crucial para o desenvolvimento da bovinocultura brasileira é a pesquisa. Na avaliação de Ricardo Jordão, o próximo passo para a expansão do uso das novas tecnologias na bovinocultura é a aproximação entre os produtores rurais, os centros de pesquisa e empresas interessadas em difundir as tecnologias.

“É preciso fomentar as startups e baratear as ferramentas, sem esquecer da infraestrutura, pois as fazendas precisam de conectividade”, aponta, elencando como outros desafios da área a necessidade de qualificação da mão de obra em todos os níveis.

Fonte: Segs

Facebook

Arquivos

Leave a Reply

Your email address will not be published.


*


Mais artigos