Campanha reforça a importância de cuidar da saúde mental

A saúde mental ganhou destaque nos últimos dois anos em virtude da pandemia da Covid-19 e o seu desdobramento intensificou os fatores de risco relacionados ao lado emocional, tanto dos profissionais da saúde que estão na linha de frente quanto da população em geral, mais vulnerável por questões relacionadas ao isolamento e distanciamento social. Em tempo de pandemia são potencializados transtornos psiquiátricos, como ansiedade, depressão e sintomas de estresse pós-traumático. Para reforçar a importância dos cuidados e conscientização sobre a saúde mental em nossa sociedade foi criada a campanha Janeiro Branco. A iniciativa brasileira surgiu em Uberlândia (MG), em 2014, e envolveu psicólogos (as), psiquiatras, profissionais da saúde e da mídia, entre outros, unindo-se a uma iniciativa espontânea, solidária e coletiva em busca de uma reflexão um pouco mais profunda, dando luz aos cuidados que todos devem possuir com a sua saúde mental e emocional.

Segundo o psicólogo clínico Victor Neves, a campanha traz a necessidade não só de uma prevenção de transtornos mentais e psicológicos; o debate vai muito além. “Mais do que prevenir a doença, temos que refletir e buscar formas de promover a saúde”, alerta o psicólogo.

Para Neves, a escolha do mês de janeiro para a realização dessa campanha não é coincidência. “O período é sugestivo pela reflexão do início de um novo ano, uma oportunidade de avaliar qual o propósito de nossas vidas, dar uma atenção especial a nós mesmos, compreendendo e ajustando os nossos objetivos, verificando nosso estado mental, psicológico e emocional, sentir quais são nossos pensamentos, crenças, valores; como nos sentimos hoje, agora, no momento atual? Mais do que isso, o que nos fortalece para persistir em busca dos nossos sonhos, aquele motivo especial que nunca nos deixa desistir? Não temos como cuidar das nossas vidas, deixando de lado a nossa mente”, comenta o especialista.

Entre as diversas causas que afetam a saúde mental dos médicos-veterinários, segundo o psicólogo, estão a Síndrome de Burnout (esgotamento físico e mental decorrentes de atividades relacionadas ao trabalho) e a falta de valorização profissional. “Infelizmente, fazem parte da vivência desses médicos, como a rotina intensa e estressante, comum no exercício da profissão, os desafios de lidar com algumas práticas desgastantes, como realizar a eutanásia em casos de animais em estado terminal, o luto, o sentimento de falta de valorização na profissão relatado por alguns profissionais, entre outros, podendo esse contexto gerar casos como a Síndrome de Burnout, depressão, e em casos mais severos, até mesmo ideações suicidas”, comenta o profissional.

De acordo com o psicólogo, é importante que os médicos-veterinários estejam atentos a um dos lemas da campanha, que afirma que “quem cuida da mente, cuida da vida”, e para que esses profissionais que possuem uma missão tão edificante e primordial, tendo a responsabilidade de cuidar dos nossos animais, é necessário que avaliem com frequência como andam suas emoções e sentimentos. “Precisam ver como se sentem na rotina de trabalho, ampliem o autoconhecimento, para identificar antecipadamente algo que possa estar mal resolvido internamente, que a longo prazo, possa agravar para algum transtorno mais sério, e especialmente, prezando mais por promover saúde, qualidade de vida, rotinas mais ajustadas e saudáveis, pois uma série de problemas, dores emocionais, doenças, podem ser evitadas”, destaca Neves.

Para cuidar da saúde de outras pessoas, muitas vezes tendo vidas confiadas ao seu trabalho, exercendo sua atividade com prazer, e ainda se realizar fazendo isso, a prioridade é começar a cuidar com carinho e determinação da pessoa mais importante: você! “Para que uma pessoa possa ajudar outras pessoas ou animais, para ter energia, disposição, prazer em fazer isso, ela precisa cuidar de si, em primeiro lugar. Não é necessário carregar uma bagagem emocional pesada, sozinho(a), abarcar o mundo com as mãos. Se precisar de ajuda, peça, se precisar chorar um pouco para extravasar alguma emoção ruim, chore, não se esqueça que você é um ser humano também, não somos máquinas para executar tarefas no modo piloto automático. Torne sua rotina a mais feliz e equilibrada possível, faça atividades que te tragam prazer e paz, cuide da sua vida social, faça exercícios físicos sempre que puder, cuide da sua alimentação, da qualidade do seu sono, mas jamais se esqueça, cuide da sua mente, e quando estiver difícil carregar sua bagagem sozinho(a), não tenha medo, divida isso com pessoas queridas que se importem com você e/ou busque ajuda, procure um terapeuta”, finaliza Victor Neves.

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